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Durante um bom tempo, o mercado e as pessoas não pararam para pensar sobre as consequências do mundo tecnológico. Todos os discursos vinham no sentido de valorizar o mundo digital e a celeridade que a tecnologia possibilitou na forma das coisas acontecerem.

No entanto, em paralelo a todas estas conquistas bastante positivas, uma armadilha se formava e as consequências desta, eram inevitáveis. Enquanto a internet ainda estava limitada aos computadores, ainda existia uma limitação em relação ao tempo que se podia disponibilizar ao mesmo. A partir de quando ela chegou os celulares, todos os recursos da internet passaram a acompanhar o jovem em todas as situações, e o tempo dedicado ao mesmo passou a ser muito maior.

Com isso, a interação também ficou limitada, visto o foco da atenção estar no celular e com a limitação na interação, várias características e competências deixaram de se desenvolver. Interagir com o aparelho permite ao jovem lidar apenas com o que desejar, sem a necessidade de se trabalhar em sua adaptabilidade – lidar com coisas indesejadas, mas, importantes. Claramente temos jovens mais solitários, com menos relacionamentos presenciais e menos sociáveis, o que acaba prejudicando o desenvolvimento da sua vida como um todo, inclusive profissional.

Temos oportunidade de mudar o rumo desta história ao sermos críticos no momento certo de inserir a tecnologia na vida de nossos filhos. É preciso ponderar as consequências e resistir a tentação de, para ter um pouco mais de tempo, permitir que nossas crianças, algumas ainda bebês, se vinculem a uma conexão artificial e que pode ser limitante para seu desenvolvimento.

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Imagem: freepik

É preciso tomar atitude que de fato trate a origem dos problemas e não suas consequências. “Esconder” likes terá o mesmo efeito que um analgésico tem para um câncer. Evita uma dor, mas não trata o problema.

O que vemos fortemente disseminado no mundo atual é a dificuldade de muitas pessoas em lidar com a frustração. Por razões diversas, a sociedade desenvolveu formas de lidar com suas dificuldades, que muitas vezes a afasta da verdadeira solução.

A autoestima no passado era fruto de um forte autoconhecimento e de resultados obtidos ao longo da vida. Atualmente, muitas vezes provém do quanto uma foto, post ou posicionamento é aprovado em minha rede social. Porém, quando a não aprovação acontece, há incapacidade de lidar com isso.

Talvez estejamos falando muito mais de uma imaturidade para lidar com o mundo virtual do que a necessidade de mudar os mecanismos do controle. O que acontece comigo quando não alcanço um objetivo muito desejado e o que acontece quando o resultado obtido não era o esperado, não pode, de maneira alguma, afetar minha autoestima e minha forma de me posicionar em rede. A autoestima deve anteceder qualquer relação, inclusive a virtual.

Limitar a visualização de curtidas não mudará a fragilidade nas estruturas de personalidade de algumas pessoas. Precisamos entender aonde tudo começa para que desde cedo possamos investir nossos esforços para alcançarmos o mundo melhor que tanto desejamos. E tudo começa na infância…

O processo de educação de nossas crianças foi penalizado nas últimas décadas por mudanças radicais no universo. Precisamos de pais melhores, mais presentes no cumprimento de seu papel. Dessa forma termos crianças, jovens e adultos mais seguros e conhecedores de si mesmos, capazes de gerenciar e administrar emoções.