Acompanhando adolescentes há tantos anos no momento da escolha profissional, posso afirmar que as escolhas e atitudes dos pais interferem direta ou indiretamente na escolha profissional de seus filhos. Isso porque, os filhos se inspiram em pais bem sucedidos e felizes para reforçar algumas carreiras como boas opções ou mesmo para reforçarem a sua percepção de que “trabalhar” pode ser algo prazeroso e altamente realizador.
Em contrapartida, pais infelizes ou frustrados com sua própria escolha profissional tendem e ter comportamentos que desmotivam seu filho a buscar o mesmo caminho.
Não é incomum em uma entrevista de uma orientação vocacional o jovem justificar o que jamais faria em virtude do que observa no comportamento do(s) pai(s) e que não admira. Também não é incomum o contrário: filhos que se inspiram em pais realizados profissionalmente para definir sua própria carreira.
Quando meu filho tinha 5 anos, ao perguntar-lhe o que ele gostaria de ser quando crescer, o mesmo respondeu sem pensar: “Psicólogo”. Após o susto, perguntei a ele se sabia o que um psicólogo fazia, onde o mesmo respondeu: “Eu sei… Trabalha muito!” Duas mensagens eu constatei em sua fala. A primeira é que ter pais que trabalham muito pode não ser um problema, se esta quantidade equilibra a qualidade da doação aos seus filhos – motivo este que justifica a boa percepção do volume de trabalho.
A segunda é que temos que ter muito cuidado com os recados que mandamos sem perceber, enquanto crianças se tornam adolescentes e adultos e o quanto estes recados podem afasta-lo de sua verdadeira vocação. Na verdade, muitos são os fatores a influenciar na escolha profissional, e, sem dúvida nenhuma os pais lideram essa lista. O quanto isso é bom ou ruim vai depender do grau de maturidade destes pais em lidar com suas próprias frustrações e não permitirem que seus desejos e angústias sejam mais importantes do que avaliar o verdadeiro perfil e vocação de seus filhos e só ai definir qual carreira seguir.
Hoje, meu filho, aos 16 anos sabe o que quer, não será psicólogo. Mas, nas muitas conversas de meu dia a dia com ele ao longo de todos estes anos, sinto que o mesmo internalizou varias das competências que sempre primei.
Texto: Martha Zouain, Psicóloga e Diretora da Psico Store Consultoria
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